SESSENTA HORAS, TALVEZ...




Valci Melo
valcimelo@hotmail.com

 
Enquanto os trabalhadores
Lutam para amenizar
As jornadas de horrores
Que os impedem de pensar,
Os “nobres” vereadores
Fazem tudo, meus senhores:
Só não querem trabalhar...

Legislar é o seu ofício:
Criar leis, fiscalizar...
Mas isso é um sacrifício,
Pois exige estudar...
Preferem manter o vício;
Larguear o interstício
E receber sem atuar.

As tais Sessões quinzenais
- quando existem! – são vazias:
Falta quorum, pauta e mais:
A Prefeitura é quem guia.
Os atrasos são normais,
As votações irreais,
E o progresso é fantasia.

Certo dia um cidadão,
Um profeta sem temores,
Vendo essa situação
Que maltrata e causa dores,
Calculou a duração;
Mediu as horas de ação
Dos “nossos” vereadores.

Tomou por base a Sessão,
Pois é o que ainda há.
O trabalho em comissão
É ilusão perguntar...
Tudo é enrolação
- e sem muita preocupação:
O povo só quer votar...

São seis horas ao mês
Por dez meses – sem engano.
De recesso pegam três
- fora as sessões que “dão cano”.
Eis aí a estupidez:
Sessenta horas, talvez...
É a carga horária do ano!

Pra quem quiser pesquisar
Se aqui dissemos horrores
A dica vamos deixar:
Siga os vereadores!
Mas vamos antecipar:
Quase todos vão estar
Cuidando dos seus amores.

Ao mundo particular
É que estarão dedicados.
No comércio vão estar;
Nos serviços, nos roçados.
Vereança é se sobrar...
Prioridade é cuidar
Do seu pedaço isolado.

Aos “nossos” representantes
Mais uma vez vou lembrar:
Precisam ser atuantes;
São pagos pra trabalhar
E não fazem o bastante
Pra merecer o montante
Do qual podem desfrutar.

Ao povo fica o chamado:
Vamos nos organizar!
Chega de ser maltratado!
O mote é participar
E caminhar lado a lado.
É estudar mobilizado
E como classe lutar.

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