Midas Amorim
midasamorim@yahoo.com.br
A cada dia que se passa nós nos deparamos com
diferentes pessoas, cada qual com sua personalidade própria de ser, de agir, de
viver. Apesar de inúmeras diferenças que possamos
ter em relação aos nossos semelhantes, existem pontos que nos assemelham: somos
sujeitos sociais que crescemos a cada experiência e a cada momento, temos
sentimentos e emoções e, acima de tudo, sempre colocamos em nossa vida um ideal
indo à busca para conquistá-lo - embora nem
sempre tenhamos consciência disso.
Atualmente, um ponto em comum entre diferentes
concepções nos estudos das relações humanas é que o primeiro passo para as
grandes conquistas, em especial a felicidade, é o autoconhecimento, pois
somente assim é que cada ser humano vai descobrindo suas qualidades, bem como, os
seus defeitos - o que nos direciona às nossas prioridades e, a partir daí, vamos
compreendendo o jeito de ser do nosso próximo e, paulatinamente, vem à tona
dentro de nós o bom senso, o qual nos norteia entre fazermos as decisões mais
adequadas possíveis em nossas vidas.
Tratar de sentimentos, convicções, ideais, opiniões
próprias e manifestá-las para os demais, são questões que a maioria das pessoas
ainda não consegue manifestar. Seja por medo, omissão, insegurança, ignorância
ou qualquer outro motivo, muitas pessoas hoje se encontram sem rumo e “no
quase” em suas vidas precisamente por não terem claro quais são seus objetivos
enquanto sujeitos. Então, “se não se sabe para onde quer ir, nenhum vento lhe
será favorável”, já dizia o filósofo grego Sêneca.
Interessante nesse relato autobiográfico é perceber
que todos nós sofremos constantes mudanças em nossas vidas. O que tinha imenso
valor no passado, hoje não tem tanta força assim. Da mesma maneira, o que antes
era secundário, no decorrer de cada experiência, tornou-se prioridade em nossas
decisões. Não obstante, ter consciência dessa mudança de postura é algo
grandioso, pois percebemos o quanto evoluímos em cada momento, bem como, o
quanto amadurecemos em situações muitas vezes desagradáveis e constrangedoras -
porém que sempre nos trouxeram valiosíssimas lições que a felicidade por si só
não nos ensinaria.
As tribulações, embora incomodem demasiadamente,
faz-nos enxergar a nossa própria ignorância e nos faz perceber algumas posturas
equivocadas que tínhamos, como também, nos impulsiona a mudar de atitude.
Então, fica claro que ninguém muda ninguém; cada qual muda por si mesmo de
acordo com as suas próprias experiências em conformidade com seu modo de
pensar, sentir e agir. Isso fica mais em evidência quando nos achamos em um
processo de autodescoberta cuja essência é o conteúdo descrito pelo autor.
Cada um de nós tem algo que nos motiva a viver, a
seguir adiante após cada frustração, a dar a volta por cima após cada
sofrimento; que nos faz superar os nossos próprios limites depois de cada
tentativa que arriscamos. No caso de Valci Melo, seu ponto de partida é a Teoria Social e Política, a qual eu considero como uma
paixão incondicional do autor. Pois, a ânsia de construir um mundo melhor onde
o bem comum seja a prioridade, os direitos dos cidadãos sejam respeitados e os
sistemas opressores superados, são ideais sempre explícitos pelo Valci a cada
vez em que ele se posiciona frente aos principais objetivos de sua vida.
Diante das experiências que o mesmo tivera em
diferentes ambientes (Cultura Popular, Demanda Social, Catequese, Grupo de Jovens
e educação em diversos setores – formal, não formal e informal), as mesmas
configuram-no como um sujeito criativo e polivalente já que foi possível
desenvolver e aprimorar variadas habilidades e potencialidades que o
caracteriza como um sujeito histórico e social que está em mudanças contínuas
sempre indo à busca da excelência em suas atitudes.
O caminho é longo, o trabalho é imenso, as responsabilidades
são inúmeras... Todavia, os primeiros passos já foram dados sem dúvida nenhuma.
O desafio agora é ter continuidade no que já foi iniciado. Com efeito, ao se
constatar que o autor tem um conhecimento profundo e pertinente sobre si mesmo,
bem como tem consciência das suas qualidades e limitações, torna-o crítico e
consistente diante das decisões que precisam ser tomadas, tendo como foco o seu
ideal maior.
Assim como o autor, que cada um de nós tenha a
coragem de enveredar pelo nosso próprio eu interior a fim de que possamos
também descobrir qual é de fato o nosso ideal de vida. Um ideal não pode ser a
solução de todos os problemas, porém é a espinha dorsal de qualquer grande
objetivo a ser alcançado, pois quem tem uma razão para viver, supera com mais
tranquilidade os percalços encontrados no meio caminho percorrido.
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* Prefácio do livro DIÁRIO TARDIO: do fundo do meu raso coração (Valci Melo, 2013), disponível em ebook (pdf) no site do Clube de Autores:(https://www.clubedeautores.com.br/book/142970--Diario_Tardio). Para adquirir a versão impressa entre em contato com o autor pelo email valcimelo@hotmail.com.
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